quarta-feira, 17 de abril de 2024

“Olhar Complexo”: Bruno Itan lança hoje (17) livro com sua obra fotográfica


Criado no Complexo do Alemão, no Rio, o autor recifense retrata a realidade de comunidades cariocas em imagens poéticas e dramáticas

 

O fotógrafo Bruno Itan lança hoje, dia 17, a partir das 19h, o livro “Olhar Complexo”, que tem o selo da Editora Senac Rio e apresenta fotos que traduzem representatividade, potência, vida e dor silenciada. São essas as impressões das imagens captadas por Bruno, principalmente no Complexo do Alemão e na Rocinha, locais onde foi criado e vive atualmente, e que permitem ao leitor viva verdadeiramente a experiência de conhecer os “Brasis” que habitam o Brasil.

 

Bruno Itan (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

O lançamento de “Olhar Complexo” acontece com sessão de autógrafos a partir das 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon (Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 - Store 205 A), na Zona Sul do Rio de Janeiro.

 

Esta obra é um grito de representatividade, é vida pulsante, silêncio de dor, riso largo, experiência única vivida e exportada para o mundo e, sobretudo, um rito de passagem. As fotos apresentadas possibilitam viver verdadeiramente a experiência de saber os Brasis que habitam o Brasil.

 


O nome do livro, Olhar Complexo, é também o nome do projeto do autor, que capacita moradores de comunidades a fotografarem as favelas por cada prisma que estas oferecem e descortina as imagens de Bruno Itan não só para benefício da fotografia, mas, também, como registro imparcial de uma circunstância que só pode mudar se vista por dentro.

 

Ao fim do livro o leitor é presenteado com beíssimos registros fotográficos do autor, que podem ser destacados e apreciados como quadros.

 

Sobre o autor:

Bruno Itan é cria do Complexo do Alemão – onde descobriu seu amor pela fotografia – e vive atualmente na Rocinha, outra comunidade carioca. Desde 2008, dedica-se a retratar a realidade de seu entorno em imagens poéticas ou dramáticas, às vezes, ao mesmo tempo, poéticas e dramáticas.

 

A vontade de traduzir em arte o que via em volta fez surgir uma agência composta apenas por fotógrafos de várias favelas da cidade do Rio de Janeiro, a “Olhar Complexo”. Assim, Bruno descobriu sua missão de vida: disseminar e fomentar a cultura da fotografia dentro das favelas do Brasil.


Foto de Bruno Itan

O fotógrafo recifense ensina, por meio de saídas técnicas, palestras, oficinas e exposições, que a fotografia depende de diversos fatores e que, para uma sessão de fotos, é preciso mais do que equipamentos profissionais.

 

Ao transmitir seus conhecimentos sobre essa arte imagética, o autor quebra os paradigmas e preconceitos dos próprios moradores com relação à fotografia dentro das favelas, além de usá-la como ferramenta de denúncia contra as mazelas presentes nas comunidades. Bruno apresenta a fotógrafos experientes e novatos técnicas que mostram a importância de registrar e criar a memória desses territórios. Com esse intercâmbio entre fotógrafos de dentro e fora da favela, ele cumpre a missão de formar um acervo para as próximas gerações.

 

Foto de Bruno Itan

Na ocasião da publicação desta obra, Bruno recebeu a Moção de Congratulações e Aplausos pela relevante contribuição no campo social e a Moção de Louvor e Reconhecimento, ambas concedidas pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Ancelmo Gois dá nome a Biblioteca Comunitária em Cordovil, que será inaugurada no próximo sábado

 

Espaço conta com 1500 livros, incluindo o acervo pessoal do jornalista homenageado e seus amigos

No próximo sábado, dia 20, às 10h, o projeto Favelivro vai inaugurar mais uma biblioteca comunitária, desta vez na Avenida das Missões, 18, no bairro de Cordovil, próxima às comunidades Cidade Alta e Kelson, na zona norte do Rio de Janeiro. A personalidade homenageada para dar nome à biblioteca é Ancelmo Gois, jornalista do jornal O Globo. O acervo inicial da biblioteca conta com 1500 livros, incluindo livros do jornalista homenageado e seus amigos. Para Demezio Batista, um dos fundadores do projeto, a esperança é a de que os frequentadores da biblioteca se espelhem em Ancelmo Gois: “Quem sabe o espaço contribua para nascerem jornalistas tão brilhantes quanto ele”, enfatiza.

 

Jornalista Ancelmo Gois

A ideia do projeto Favelivro é incentivar a educação e a cultura através da leitura, criando bibliotecas e atividades literárias em comunidades e escolas públicas do Rio. As bibliotecas comunitárias são criadas a partir de um pedido dos moradores e, após montadas, sua gerência fica a cargo da própria pessoa ou grupo solicitante. O Favelivro fica responsável por montar fisicamente a biblioteca, estantes e estrutura básica, fornecer o acervo inicial por meio de doações, realizar a conexão com o patrono escolhido pelos moradores da comunidade, produzir e divulgar a inauguração.

 

O movimento Favelivro já inaugurou 37 unidades no Estado do Rio de Janeiro, distribuídas por comunidades das cidades do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo, Niterói e no bairro de Madureira.

 

Mais sobre o Favelivro

O projeto nasceu do encontro de dois apaixonados por livros: os amigos Demezio Batista, livreiro, e a professora de língua portuguesa Verônica Marcilio. Os dois se conheceram na comunidade da Barreira do Vasco em uma ação social com crianças enquanto compartilhavam o desejo de tornar a leitura mais acessível.


 

No Brasil, cerca de 48% da população não têm o hábito da leitura, causado principalmente pela falta de acesso aos livros, muitas vezes caros e inacessíveis. É nesse cenário que surge a Favelivro: um movimento que abre bibliotecas em comunidades carentes com livros gratuitos. Cada biblioteca leva o nome de um patrono famoso, sugerido pelos moradores de cada território.

 

Como participar

Para doar livros ou pedir uma biblioteca, os interessados devem se comunicar pelo Instagram @favelivro ou pelo telefone da fundadora do projeto, Verônica Marcilio (21) 98366-8117. Os livros são recolhidos nas residências pelos voluntários.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Novo livro de Álvaro Caldas,“De minha janela não vejo o fim do mundo”, terá sessão de autógrafos dia 19, em Botafogo

 

Jornalista reúne 70 crônicas escritas e publicadas de 2018 a 2023. Noite de autógrafos será na Livraria Travessa de Botafogo, às 19h

 

A experiência de mais de 30 anos em redações de jornais e a memória de um ex-militante, preso na ditadura, aliadas ao olhar atento de um observador do cotidiano, serviram de inspiração para o jornalista Álvaro Caldas escrever seu novo livro, De minha janela não vejo o fim do mundo”, com o selo da Editora Garamond. A obra é uma coletânea de crônicas escritas e publicadas nos sites JB online, do Jornal do Brasil e Ultrajano, do jornalista José Trajano, de 2018 a 2023. A noite de autógrafos será dia 19 de abril, sexta-feira, na Livraria Travessa, em Botafogo.

 


A primeira das 70 crônicas reunidas é a que dá nome ao livro, escrita logo no começo da pandemia, em março de 2020, quando só restava ao autor observar o movimento dos carros, da janela do seu apartamento, no oitavo andar, de um prédio em Copacabana. Nela, com um texto curto e instigante, Álvaro reflete sobre o vírus que isolou o mundo, descreve personagens que vagam pela paisagem urbana despovoada e sobre seus próprios delírios solitários.  E ao longo das 206 páginas, ele vai contando causos, buscando em cada história diferentes planos da existência, o presente, o passado recente e o longínquo.

 

O autor conta parte da história do país no período das trevas da ditadura, quando numa coluna manifesta seu assombro diante de ameaças à liberdade, com velhos tanques de guerra desfilando nas ruas.  Ora ele emociona o leitor ao lembrar de crianças, filhos e netos, que cresceram durante a ditadura e daqueles homens e mulheres que se foram sem tempo de se despedir. Ora ele se diverte planejando uma viagem para Pasárgada junto com o neto Theo. Cada crônica revela uma história curiosa e leva à reflexão. Como em “As dores da despedida de velhos amigos de cabeceira“, em que se desapegou de alguns livros que lhe fizeram companhia por anos.


Álvaro Caldas

 

Sobre o autor:

Com 83 anos, Álvaro Caldas se assume um carioca de coração. Nasceu em Goiânia e com 19 anos mudou-se para Rio de Janeiro e atualmente vive em Copacabana.  Cursou a Faculdade Nacional de Filosofia, centro de agitação política e cultural na década de 60, de fundamental importância para a sua formação e futuro. De lá saiu com duas paixões: o jornalismo e a revolução social.

 

Trabalhou nas principais redações cariocas e sucursais dos jornais de São Paulo no Rio, como Jornal do Brasil, O Globo, Estado de SP e Folhas SP, além de colaborar com a imprensa alternativa nas décadas de 70/80. Militante da esquerda armada, foi preso e torturado em 1970 e passou dois anos e meio no cárcere. Em 1973 foi sequestrado e preso novamente. Dado como desaparecido, foi salvo por um milagre. Integrou a Comissão da Verdade do Estado do Rio.


Álvaro Caldas

 

No final da década de 80 deixou as redações, criou sua empresa e iniciou uma nova experiência como professor nas faculdades Cidade e PUC/ Rio. Da minha janela não vejo o fim do mundo” é o quinto livro do autor.  Antes ele publicou, pela Editora Garamond, o de memórias “Tirando o capuz”; a ficção “Balé da utopia” – que foi adaptado para o cinema com o título de “Sonhos e desejos”, com direção de Marcelo Santiago -, e o de contos “Cabeça de peixe”. Também organizou “Deu no jornal, o jornalismo impresso na era da internet.” (Editora PUC-Rio) e "Duas fantásticas viagens, o relato de uma experiência em busca da verdade" (Editora Ponteio). 

Escritor de 16 anos, da Baixada Fluminense, lança livro sobre autismo no próximo sábado (20)

 

Um motivo para lá de especial para celebrar o mês de conscientização do Autismo: o livro “Além do Autismo”, do jovem escritor, Caio Alexandre Firmino, será lançado no próximo sábado, dia 20, das 16h às 20h, no Downtown, localizado na Avenida das Américas, 500, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. A obra tem o selo da Elas Editora Litterae, em parceria com o HUB Club Mães Atípicas.

 


No livro, o autor narra como lidou com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) do seu irmão caçula Davi Firmino, mostrando as experiências vividas nesta jornada e como isso impactou o relacionamento dele, o entrosamento com o restante da família na descoberta da importância do amor, atenção e união para o tratamento e acolhimento.

 

“É importante saber como uma criança com autismo vê o mundo para entendê-la melhor. Crianças com autismo também fazem parte da sociedade e precisamos ajudá-las para que se sintam acolhidas. Mudanças, adaptações, saber se colocar no lugar do outro, tudo isso é uma construção’, conta Caio Alexandre.

 

O jovem escritor, de 16 anos, nasceu em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, vem de uma família humilde, sempre foi dedicado aos estudos, com boas notas no colégio, e ama esportes. Ele sonha em jogar futebol profissional, mas, por conta de uma lesão no joelho, adiou o sonho por enquanto. A ideia de escrever o livro veio em 2018, através de um trabalho escolar.

 

Davi Firmino e Caio Fernando 

“O trabalho teve uma grande repercussão na escola. Percebi que poderia gerar mais conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista. Com o livro, espero que possamos gerar maior inclusão e empatia sobre todas as espectros e deficiências, visíveis ou ocultas”, finaliza o autor.

 

No dia do lançamento, que será aberto ao público, haverá diversas atrações voltadas para o público, como peças teatrais, música e informação. O livro também estará disponível para compra no site www.elaseditora.com.br.

Fotos: Miranda Fotografia

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Processo terapêutico de Monica Benicio ressignifica luto por Marielle em biografia inédita sobre história de amor


Lançamento será sábadom dia 13, a partir de meio-dia, na Livraria Folha Seca, no Centro do Rio de Janeiro


A vereadora Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, lançará o livro "Marielle e Monica: uma história de amor e luta" no próximo sábado, dia 13, a partir das 12h, na livraria Folha Seca, à Rua do Ouvidor,37, Centro, Rio de Janeiro. O lançamento também contará com um bate-papo com a deputada federal Talíria Petrone e uma roda de samba com o grupo Samba Que Elas Querem.

 


De forma inédita, Monica conta a história do amor arrebatador que fez sua vida se entrelaçar com a de Marielle para sempre. Editado pela Rosa dos Tempos, do Grupo Editorial Record, o livro é sobre a descoberta e a vivência de um amor lésbico. Foram 14 anos de relacionamento, entre idas e vindas e muitos obstáculos. Desde um quartinho na favela da Maré, que serviu de abrigo para encontros às escondidas, até o gabinete 903 na Câmara de Vereadores do Rio, onde Marielle exerceu seu mandato até ser brutalmente assassinada, quando se tornou símbolo de resistência política.

 

Uma história de amor inspiradora entre duas mulheres interrompida por um dos maiores crimes políticos do país. No livro, Monica também fala sobre o processo de luto, o alcoolismo e a depressão.

 


Em “Marielle e Monica: uma história de amor e luta”, com o selo da Editora Rosa dos Tempos, o olhar íntimo de Monica Benicio distancia Marielle da figura política para revelar uma mulher de carne e osso. Escrita como parte do processo terapêutico de Monica no luto pela morte da esposa, assassinada em 2018, a biografia narra história de um amor que lutou por mais de uma década para ser reconhecido. Em menos de 48h de pré-venda, livro entrou para a lista de mais vendidos da Amazon.

 

'Poder parir esse livro, que não é só uma história de amor, mas de amor entre duas mulheres com todo o peso, fúria, desencontros e dores que isso gera é um alívio e também a forma que encontrei de não morrer junto, de insistir na memória imperecível e de lutar por justiça. Não a justiça que o Estado Brasileiro deve a mim e aos familiares de Marielle. Mas a justiça que o mundo deve a Marielles que, como ela, moveram as estruturas para construir um lugar digno pra nós mulheres, mulheres lésbicas, LGBTs, faveladas e favelados, pessoas negras, pobres', enfatiza Monica Benicio sobre a biografia.

 



O COMEÇO

Em 2004, quando Monica Benício topou passar o carnaval com as amigas numa praia em Saquarema, mal sabia ela que sua vida mudaria para sempre. Nessa viagem, outra convidada, até então desconhecida, roubaria sua atenção de forma arrebatadora. “Eu precisei levantar bem a cabeça e erguer meu pescoço para que meus olhos pudessem finalmente enxergar o rosto dela”, conta Monica. “Era uma mulher alta, linda, com sorriso largo e um brilho no olhar que parecia um farol. Tinha luz própria”. Diante dela, surgiu uma jovem chamada Marielle, de apenas 24 anos, que seria sua companheira inseparável – não apenas daquele carnaval, mas da vida.

 

Marielle e Monica logo se tornaram melhores amigas. E, dessa amizade, aos poucos, um amor genuíno foi ganhando espaço até o ponto em que tomou conta de tudo. Elas se apaixonaram perdidamente e deram início a um namoro às escondidas. No entanto, o jovem casal muito em breve se veria em maus lençóis. Com dificuldades para afirmar a relação com Monica, Marielle tinha inseguranças que a afastaram da amada.

 



A partir daí, deu-se uma sucessão de idas e vindas, que contaram com muitos períodos de afastamento e de reaproximação, ao longo de 14 anos de uma conexão intensa. Acontecesse o que acontecesse, elas se mantinham por perto, mesmo quando estavam vivendo outras relações. Até que, enfim, se acertaram. Monica estava ao lado de Marielle quando ela definiu que entraria para a política – decisão que mudaria não apenas a vida delas, mas também marcaria definitivamente a história do Brasil.

 

Pela primeira vez, Monica Benicio conta, em “Marielle e Monica: uma história de amor e luta”, a história de amor que fez sua vida se entrelaçar com a de Marielle Franco. Desde um quartinho na favela da Maré, que serviu de abrigo para encontros, até o gabinete 903 na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde Marielle Franco trabalhou, esta é uma história de amor emocionante e surpreendente, cheia de reviravoltas e fatos inusitados, que faz jus a qualquer novela de grande sucesso de público e crítica. Um amor tão profundo e bonito que, agora, conquistará leitores e leitoras pelos quatro cantos do mundo.

 

“Nestas linhas, regida por uma coragem absoluta, Monica fala do seu desejo de morrer e do impacto arrasador do alcoolismo em seu processo de luto. Lutar por justiça por Marielle também foi lutar por sua sobrevivência. Ao concluir este livro, seis anos depois de sua perda dilacerante, Monica Benicio revela um feito enorme: sua pulsão e desejo da própria vida” – Fernanda Chaves, jornalista, amiga do casal e sobrevivente do atentado que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes.

 


“Monica teve que lutar fortemente, até pelo direito à sua viuvez. Tanto quanto lutou para viver seu grande amor. Pelo simples fato de serem duas mulheres. ‘A luta mudou nossa vida para sempre, mas também nos fez perder o medo de lutar”. Este livro tem uma enorme importância também porque nos deixa conhecer e acarinhar esses fatos, esse amor inspirador, que se desdobrou em tantas lutas e nos deu uma aliada na vida como Monica Benicio” – Zélia Duncan, cantora e ativista pela comunidade LGBTQIAPN+

 

“Um amor bonito de se ver. De se embebedar. De se compartilhar. Mari me apresentou Monica na Maré, e logo de cara me embebedei com pé sujo na cama delas. Monica ficou braba, e ali compartilhamos um amor que nunca teve fim. Ali eu conheci outra Marielle: mais intensa, mais linda, mais inteira. Um amor bonito de se ver” - Talíria Petrone, deputada federal e amiga do casal Marielle e Monica

 

“Sabe um amor que vem tão forte, que contagia todo mundo em volta? […] Agora, com este livro, essa história fica registrada para sempre – o tempo de duração desse amor” - Juliana Farias, antropóloga, lésbica e amiga do casal Marielle e Monica desde 2008.




SOBRE A AUTORA

Monica Benicio (Rio de Janeiro/RJ, 1986) é viúva de Marielle Franco. É militante dos direitos humanos, ativista LGBTQIAPN+ e mestre em Arquitetura (PUC-Rio). Em 2020, foi eleita vereadora pela cidade do Rio de Janeiro. É uma das vozes mais atuantes por justiça para sua esposa, Marielle, socióloga e vereadora carioca que foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018. Até a finalização deste livro, quase seis anos após o assassinato, o inquérito que investiga os mandantes e as motivações desse crime ainda não foi concluído. Para manter vivos o legado e a memória de sua esposa, Monica Benicio dedica sua vida a divulgar os ideais políticos de Marielle Franco e a denunciar o conluio que a vitimou.

 

Seu trabalho destemido é reconhecido no Brasil e internacionalmente. A missão é, ao mesmo tempo, honrosa e arriscada. Organizações de defesa dos direitos humanos apontam o Brasil como o país onde há maior ocorrência de assassinatos por motivação política em todo o mundo, situação que demanda mudanças urgentes na proteção de lideranças de minorias em risco de vida.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Lançamento de "Desaparecimento Forçado” acontece hoje (5), na Livraria Folha Seca, no Centro do Rio de Janeiro

 

O livro "Desaparecimento Forçado: Vidas Interrompidas na Baixada Fluminense" é o relatório final de um projeto de extensão e pesquisa fruto da parceria entre o Fórum Grita Baixada e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, através do grupo de pesquisa Observatório Fluminense. O lançamento acontece hoje (5/4), às 17h, na Livraria Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37), no Centro do Rio de Janeiro.

 



A obra teve financiamento de uma emenda parlamentar do então Deputado Federal Marcelo Freixo e traz o mapeamento das diferentes dinâmicas de se fazer desaparecer pessoas na Baixada Fluminense.

 

Para tanto, valeu-se de diferentes metodologias: levantamento bibliográfico, análise dos bancos de dados do Disque Denúncia e do Instituto de Segurança Pública e acompanhamento de páginas do Facebook locais.

 

Contou também com a análise da legislação nacional e internacional e das movimentações de propostas no Congresso Nacional. A partir do trabalho de campo junto a mães e familiares de vítimas da violência de Estado, o relatório traz o cotidiano por eles vivido e registra o trabalho de arteterapia por eles desenvolvido.

Livro "Um Novo Tempo" relembra os 60 anos do golpe e os 45 anos da anistia

 

Coletânea reúne 30 autoras e autores que escreveram relatos sobre os tempos sombrios da ditadura brasileira; Renda será revertida para a Ação da Cidadania

 

Publicado como forma de relembrar os 60 anos do golpe militar que deu início à ditadura que durou 21 anos e deixou marcas que ainda persistem entre nós, e dos 45 anos da Lei da Anistia, sancionada após ampla mobilização social, ainda durante a ditadura militar, pelo então presidente João Batista Figueiredo, o livro “Um Novo Tempo” traz relatos fundamentais para lembrar e relembrar o que aconteceu entre 1964 e 2023, o que a ditadura destruiu e ainda continua tentando. As lembranças dos tempos de luta permanecem e reafirmam a importância da democracia e do Estado de Direito, sobretudo nos dias atuais.

 



“O golpe de 1964 é antigo, mas não é passado. Os jovens de hoje não viveram a ditadura militar, que tão mal fez ao Brasil, mas puderam testemunhar o que aconteceu no 8 de janeiro de 2023, e como a democracia é frágil neste país. No entanto, o governo brasileiro afirma que o golpe é passado e que não devemos mexer na História. Mas é exatamente assim que ela se repete. Falar sobre isso se torna ainda mais fundamental nesses 60 anos do golpe, para que a gente não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, ressalta Daniel Souza, um dos organizadores do livro e filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que também assina um dos capítulos.


Daniel Souza

Dividido em três seções (A esperança Equilibrista, Choram Marias e Clarisses e Não Há de Ser Inutilmente), a primeira traz uma seleção de textos publicados no livro Sobrevivi para Contar, de 1999, data em que se comemorava os 20 anos da anistia, e que aborda a relevância dos textos ainda hoje e a importância dos relatos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pela ditadura, um testemunho deste momento. A segunda seção reúne textos produzidos por conta dos 50 anos do golpe, em 2014, que nunca foram publicados e agora estão disponíveis para o público. Já no terceiro bloco foram contempladas análises e olhares históricos desses 60 anos do golpe e dos 45 anos da anistia.

 

“Não podemos mudar o passado, mas podemos aprender com ele. O livro entrelaça o necessário debate sobre a visibilidade da violência da ditadura com a história da luta social pela anistia. Assim, mescla a memória da repressão em paralelo à memória da resistência. Relembrar significa tanto aprender a não repetir o erro autoritário quanto aprender com o êxito da geração anterior em lutar para defender a democracia”, afirma Paulo Abrão, que também organizou os capítulos.


Paulo Abrão

Como afirmam os organizadores, “a obra, mais do que uma denúncia, é um instrumento de conscientização para os mais jovens que não viveram este período sombrio de nossa história, onde milhares de cidadãos foram perseguidos, torturados e mortos”.

 

“Os traidores da Constituição de um país devem ser lembrados todos os dias, para jamais retornarem a ferir anseios populares. Autores e autoras não nos contam somente sobre as dores sofridas durante às sessões de tortura, sobretudo porque ‘fraco é o ferro frente ao sonho que nos une’. Nos falam também das mãos sanguinárias de uma ditadura retardarem e destruírem o sonho civilizatório. A Ação da Cidadania mais uma vez cumpre seu ideário com esmero”, conclui Gylmar Chaves, que fecha o trio de organizadores do livro.

 

Gylmar Chaves


Vale ressaltar que “Um Novo Tempo” é uma parceria da Ação da Cidadania com a Mórula Editorial, e os direitos serão revertidos para a instituição, que há mais de 30 anos atua no combate às desigualdades sociais com ações por todo o Brasil.

 

Lista de autores

Alcione Araújo, Aldir Blanc, Arthur Poerner, Athayde Motta, Bete Mendes, Betinho, Cecília Coimbra, Chico Alencar, Chico Mário, Dulce Pandolfi, Frei Betto, Heloisa Teixeira, Heloneida Studart, Henfil, Hildegard Angel, Irles de Carvalho, Itamar Silva, Jaime Wallwitz Cardoso, James Green, Jessie Jane Vieira De Sousa, João Vicente Goulart, Jurema Werneck, Lucas Pedretti, Marilia Guimarães, Miriam Leitão, Pedro Tierra, Regina Sodré, Rose Marie Muraro, Vera Vital Brasil e Ynaê Lopes dos Santos.

 

SOBRE OS ORGANIZADORES

 

DANIEL SOUZA - Designer e produtor de cinema. Coordenou diversas campanhas na área de direitos humanos. Faz parte da Ação da Cidadania há 30 anos, sendo presidente do conselho da entidade desde 2011. Produziu 15 documentários sobre temas sociais como saúde, fome, direitos humanos e violência. Tem 7 livros publicados sobre ditadura, a Ação da Cidadania, além de biografias.

 

GYLMAR CHAVES - Escritor, poeta, pesquisador e palestrante. Autor de 23 livros, por 15 anos pesquisou sobre Bárbara de Alencar — avó do romancista José de Alencar, foi a primeira presa política do Brasil. Idealizador e coordenador da Coleção Pajeú — livros biográficos e históricos sobre os bairros de Fortaleza-CE, também se dedica ao projeto Vamos falar de amor.

 

PAULO ABRÃO - Doutor em Direito e professor especialista em direitos humanos. Atualmente é diretor executivo do Washington Brazil Office. Antes, atuou como Secretário Executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Diretor do Instituto de Direitos Humanos do Mercosul e Secretário Nacional de Justiça. Foi membro do Grupo de Trabalho para a criação da Comissão Nacional da Verdade e presidente da Comissão de Anistia.

 

FICHA TÉCNICA

Um Novo Tempo: 60 anos do golpe, 45 anos da anistia

Organização: Daniel Souza, Gylmar Chaves e Paulo Abrão

Preço de capa: R$ 66

Edição: 1ª

Editoras: Mórula Editorial

Número de páginas: 258

Formato: 14x21cm

Projeto gráfico: Patrícia Oliveira

Revisão: Marilia Pereira

"Era uma vez um quintal", de Andreia Prestes e Paula Delecave, mostra aos pequenos um pouco do que foi a Ditadura

 

Livro transforma o desaparecimento do militante João Massena Melo em poesia; A autora quis contar às crianças como era a vida na época do golpe de 1964, que completou 60 anos no último dia 31 de março


Escrito por Andreia Prestes e ilustrado por Paula Delecave a partir de fotos do álbum da família da autora, o infantojuvenil "Era uma vez um quintal", com o selo da Pallas Mini, conta a história da família da autora. Como o sobrenome deixa antever, Andreia é neta de Luís Carlos Prestes (1898-1990) por parte de mãe e de João Massena Melo (1919-), avô paterno, sobre quem a trama se desenvolve. Um dos líderes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Massena foi perseguido na Era Vargas e na Ditadura Militar, que completa 60 anos neste 31 de março.



De origem pernambucana, era operário tecelão e metalúrgico, presidente do Sindicato da categoria. Foi preso duas vezes por razões políticas. Em 1962, foi eleito deputado pelo Estado da Guanabara e, quando o golpe militar de 1964 se instaurou, ele foi cassado e caiu na clandestinidade.


No início dos anos 1970, militares invadiram a casa que aparece no livro e levaram os seus moradores. Quase todos foram liberados em três dias, mas João Massena permaneceu na cadeia. Foi solto dois anos depois e Andreia arrisca um palpite, muito discutido pelos seus parentes.


"Ficaram de olho nele e em outros militantes políticos e os assassinaram, já antevendo que, com a redemocratização do país, que só se consolidou na metade dos anos 80, poderiam se tornar lideranças políticas importantes", diz ela. "Em 2024 completa 50 anos que o vô desapareceu e essa dor continua muito presente", desabafa.


Este livro é sobre a dor de perder alguém assim, sumido no vento por sonhar com um mundo melhor, como está escrito em suas páginas cheias de plantas, memórias e esperança.


O leitor viaja até uma casa em Cascadura, subúrbio carioca, onde há cerca de sete décadas mora a dona Ecila, 94 anos, avó de Andreia e viúva de Massena. A origem dessa família data de 1947, quando Ecila e João se casaram. São eles que aparecem nas foto-ilustrações de "Era uma vez um quintal", uma delicadeza poética para contar sobre a brutalidade que foi o desaparecimento de um avô, tio, pai e marido.


"Esse tipo de violência praticada pelo Estado - o desaparecimento - é também uma estratégia de silenciamento. Digo pela minha família: ainda é muito difícil falar sobre esse desaparecimento", lamenta, mas com uma voz firme de quem assimilou o próprio destino e quer usá-lo sob a perspectiva do letramento político para a garotada de hoje.


Andreia Prestes pontua que existem poucos livros de autores brasileiros para crianças sobre o horror que foi a ditadura militar no país e que essa obra é a sua contribuição para que, desde a infância, se faça uma reflexão sobre a nossa história recente. Ela atuou muitos anos como professora das redes municipal e estadual do Rio e fez mestrado em História Comparada na UFRJ, atualmente é estudante do doutorado em Políticas Públicas de Educação, na Unirio.


A ideia de usar fotos reais como base das ilustrações partiu da Pallas Editora. Andreia vibrou mais uma vez. "A história ficou mais humanizada com as foto-ilustrações. A imprensa costuma estampar uma 3x4 nas matérias sobre desaparecidos políticos. A pessoa fica reduzida a um rosto. Quando mostra o quintal, a gente visualiza uma mulher, filhos, sobrinhos, netos, uma família. E a Paula Delecave fez um trabalho lindo. Foi um acerto!".


Andreia Prestes


Paula vem desenvolvendo há anos uma criação artística que une memória e colagens - em particular, relacionadas a arquivos fotográficos. Para ela, este livro foi um trabalho amplificado por se tratar de "uma página infeliz da nossa história", evocando um verso de Chico Buarque.


"Li muito do que consegui achar de registro sobre o Massena. Conversei com a Andreia, li o livro de memórias escrito pelo seu pai. Deparei-me com informações tão terríveis que me perguntava: Como traduzir esse período para as crianças? Ao mesmo tempo, as fotos da família revelam tanto! Percebi ali um afeto, uma força e uma delicadeza que tentei passar nas imagens. E, em outros momentos, a coisa precisava pesar também. Porque foi uma época extremamente dura e é preciso que essas memórias sejam passadas adiante", afirma a ilustradora.

"Era uma vez um quintal" típico do subúrbio do Rio, com uma Mangueira imensa oferecendo sombra à família e aos amigos, que continuam a se reunir para cantar, almoçar e lembrar de um tempo que nada apaga, nem os anos de chumbo. "Ah, tomara que o livro alcance muitas crianças e seja ponto de partida de muitas conversas sobre esse período. E também que nos ajude a lembrar daqueles que lutaram pela liberdade de expressão, sonharam - e ainda sonham - com um mundo mais justo", diz Delecave.